Fui quase tudo


Fui poeta, fui divino
Fui criado no sertão
Fui brinquedo de menino
Fui do cego a visão
Fui da vida o destino
Fui do poeta inspiração.

Fui na feira um feirante
Fui no domingo procissão
Fui no castelo do gigante
Fui do Rei coroação
Fui da pedra diamante
Fui criador da criação.

Fui da fome a comida
Fui sozinho a solidão
Fui da cura a ferida
Fui da luz escuridão
Fui no engenho batida
Fui do erro a correção.

Fui da cobra o veneno
Fui no ecuro um clarão
Fui dois grande e um pequeno
Fui do corpo o coração
Fui da noite o sereno
Fui da calma agitação.

Fui da vida a triste morte
Fui do desejo a sensação
Fui do azar uma vez sorte
Fui do ano a estação
Fui do mar um grande forte
Só naum fui da ilusão.

(João Diniz)
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