Poema de Casa
Náuseas
Náusea, do amor
de ser, de amar
de não ter o que fazer
de não ter o que falar
Náusea, do odor
de rir e de chorar
de não ter como correr
de não ter como parar
(João Diniz)
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Canto Socorro Poesia
Pé no chão
vista a visita a vista
De carnaval
Natureza Mórbida
Há uma inquietação de sombra
em meus olhares
Algo da estagnação do vento
que parou de soprar
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Há também uma flora vibrante
de cor alaranjada em meus sorrisos
Algo do brilho do fogo
que a água teimou em apagar
.
Há uma coisa da raiva
dos famintos com fome
Pedindo o pão de cada dia
que Deus esqueceu no jantar
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Há uma coisa alegre
da felicidade de quem come
sem ao menos se importarem
com os que não sabem amar
.
(João Diniz)
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de Ressaca
Doía a cabeça
a cada passo dado, o barulho dos sapatos
sobre o chão de madeira
machucava meu inconsciente assustado
As pisadas
eram com se fossem bombas sobre Stalingrado
ou ainda, eram com se fossem tiros em Judeus
nos campos de concentração Nazista
Dor na cabeça, sapato ao chão
sangue escorrendo pelas entranhas da lucidez ocular
que perfurada não enxergava nada
nunca via nada
Estilhaços de bombas no piso da sala
do quarto da alma
E, um barulho insuportável de bombinhas de São João
em noite de São João
Explodindo a cabeça.
(João Diniz)
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Humanitário
Foxer Hammer
Entre o portão e a porta
Sozinho nessa parte da casa
dois sentimentos me abraçam
meu medo, minha paixão
A mente, amante suspeita
Abria janelas para o mundo
Algo que escorre nos desertos
e na cicatriz sem guarda-chuva
Me pergunto e me respiro
da vida morta, um minuto
de outro, em outra vida
da rua ladrilhada em feios corpos
que o medo paralisava
em minha mente
e a paixão passeava
em meus sentidos.
Sozinho nessa parte da casa
dois sentimentos me abraçam
meu medo, minha paixão
A mente, amante suspeita
Abria janelas para o mundo
Algo que escorre nos desertos
e na cicatriz sem guarda-chuva
Me pergunto e me respiro
da vida morta, um minuto
de outro, em outra vida
da rua ladrilhada em feios corpos
que o medo paralisava
em minha mente
e a paixão passeava
em meus sentidos.
(João Diniz)
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Terceira idade de um poema
Madrugada Arcoverdense
Um olhar lacrimoso insano
acordou a madrugada silenciosa
Andou pelas submersas ruas
que dormiam feito criança
Fantaziou os cachorros, os bêbados
os bordéis ainda acordados
Como uma planta nascendo e morrendo
entre pragas do arco-íris
um Fósforo aceso rente aos olhos
clareando o caminho obscuro
Fê-lo desmaiar sobre uma calçada
da cidade de trafêgo estranho
Claridade. Saudade de matar
qualquer lembrança de casa
Qualquer saudade do pai
ou de algum amigo de infância.
(João Diniz)
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Última Ceia
Despido de amor próprio
Ou de algum amor de infãncia
Trancafiado nesse quarto,
O lôdo traz foqueiras apagadas
Com cheiro e sabor de orgias,
Da morte e vida do meu dia nublado.
Despojadoem minha dor
Abro portas de sangue em sangue
Entre ossos e cadaveres
Deixando-me a míngua
Bordando fitas e flores queimadas.
Despido de amor próprio
Ou de algum amor de infância
Vomito minhas lembranças
Sobre o prato de sopa quente
Na mesa do jantar.
(João Diniz)
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Fechado para Visitação
Doida
a Maria Bate-Palma.
Meu dia é sombrio, meu sol é de verniz
Água nunca matou minha sede
Nem comida minha fome
Minha roupa não se veste
Minha voz não se escuta
Meu passado não é lembrado
Meu futro nem tá tão próximo
Meu presente, ganhei da chuva
Minha mãe morreu de raiva
E meu pai sumiu do mapa
(João Diniz)
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Apresentação
Tudo que tenho a lhe oferecer
São meus versos embriagados de desejo
Sobre um papel manchado
Nada de riqueza ou nobreza
Apenas meu poema, poesia
Que são meu grito de socorro sem voz.
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Melhor que tudo que há na terra,
Melhor que tudo que há no céu.
.E te ofereço minhas palavras
Que tropeçando umas nas outras
Exprimem meus anseios
Nada de conto de fadas
Nada de príncipe encantado
Sem castelo, sem promessas.
.Apenas meus versos e mais nada,
Apenas meus amor e mais nada.
(João Diniz)
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Dez e meia
a Jéssica Mendes.
de contatos, de lembrança.
fotos, identidade, CPF.
Roupas, tênis, livros,
caneta, lápis, papel, inspiração.
Tudo o que tenho.
Todavia. Entretanto.
Contudo não é só isso
que tenho e posso oferecer.
Carrego uma coisa estranha,
por dentro do meu instinto
que machuca por sentir saudade!
(João Diniz)
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Soneto de Carnaval Sem Rima
Tudo parecia um tédio,
máscara, fantasia, sorrisos secos
como uma ressaca de carnaval
mas entre a multidão inquieta.
entre rostos e corpos transfigurados
na minha cabeça confusa
percebi um olhar ofuscante
de confete e serpentina
que vagando entre as pessoas
acertou meu pobre olhar
corrôeu o meu instinto
me afogou em seu cabelo
me asfixiou em seu perfume
me asfixiou em seu perfume
e me matou com seu desejo.
(João Diniz)
(João Diniz)
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Sobre efeito ou A revolta do que vê
De frente para o lago
os olhos pareciam mais vermelhos.
Mais vermelhos, que uma chuva de larva
esculpindo seus anzóis petrificados.
Pareciam mais tontos, que uma barata tonta
após aspirar o gás verde musgo exalado pelos inseticidas
Pareciam mais cruéis que tudo
Até mesmo que a Santa Inquisição
com suas fogueiras de fogo azulado,
prontas para apagar do mapa
os órgãos e as peles de nossas mulheres.
e, ainda assim, eles pareciam querer uma nova vida.
Assim como esse que saem das prisões
e agem como profetas infâmes, pintados de negro.
Pior. Pareciam mais que queriam.
Olhavam como se dissessem "Somos donos do nosso nariz".
Pobres olhos fébris.
Pobre, o dono desses olhos fébris.
(João Diniz)
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Um poema a mais, um poema a menos, tanto faz!
Um pedaço de papel,
perdido no escuro.
Com fome, frio, sede, sono,
sozinho, triste, abandonado.
Sem amor, sem carinho, sem nada.
Sujo por um louco e por
uma pobre e febril caneta preta.
O vento o leva para cima dos edficios,
para longe, distante.
Mais triste, mais fome, sede, sono.
Mais sozinho ainda.
Como se não bastasse,
o tempo o leva para o esquecimento.
(João Diniz)
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Bolsa de Amores
Em alta, em baixa
O fogo derrete, o gelo incendêia
O coração aflito palpita
A mente tranquila estremece
Embaralhando todos os sentidos,
como se fosse um jogo de cartas
Onde apostamos tudo que temos.
Alguns voltam pra casa
Com os bolsos cheios, pura sorte!
Outros com as mãos abanando
Mais um dia de azar.
Uma bolsa de sentimentos
controlando a econômia do amor.
(João Diniz)
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Pedido de Casamento
Nas Águas o Fim
Amor? Já não existe mais
Abro a porta, sala vazia
Sofrimento, tristeza, agonia
Grito calado a beira de um cais
Despercebido o sol sai, já é dia?
Desesperado sem você, olho pra trás
Finjo que não. Porém eu sabia
Havia trocado-me por outro rapaz
Pro meu coração é muito tormento
O mar me chama, me olha, namora
Paro e penso por um vão momento
Não sei se é o dia, não sei se é a hora
Mas com você já perdi tanto tempo
Que não sobrou tempo pra perder agora
Olho pro mar e não me aguento
Deixo que as ondas me levem embora.
(João Diniz)
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SubHumano
Queria que me tratassem como um vira-lata sarnento,
Como um bêbado que não faz nenhum sentido existir.
Queria que me esquecem por um mero instante de ácido, que corrói as mãos dos velhos livros de romance.
Queria poder andar, falar, viver, sem que ninguém entrasse na minha festa sem ser convidado.
Queria poder saboreiar meu whisky russo, sem que ninguém pronunciasse uma só palavra.
Fumar meu cigarro inglês ou até mesmo um cigarro americano, sem que ninguém me observasse.
Queria mas não posso, sou feito de carne e osso.
(João Diniz)
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Vê
Frevo Folia
Faixa de Gaza
Ouço o barulho de tiros,
Bombas,
Explosões. O que será?
Nada.
Apenas a guerra lá fora!
(João Diniz)
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Teu Sono
Quando você dorme, tudo dorme
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Os talheres na gaveta do armário
Os porta-retratos na estante da sala
As roupas penduradas no varal
O giz riscado no quadro-negro
Os ventos dormem
As águas dormem
Como crianças inocentes
Como as pernas dormentes
Como as pernas dormentes
Tudo dorme
E eu acordo para admirar o teu sono
A tua Beleza, o teu cansaço.
(João Diniz).
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Beco'bar
Para Lunáticos
Soneto de Mistério
Doce mistério feroz.
Mistério que faz recordar,
Faz esperar, faz veloz.
Amarrado, desatando os nós,
Preso sem conseguir soltar.
Que prende, que paralisa.
Fazendo - me cruzar a divisa,
Do inconsciente atroz.
Mistério que faz recordar,
Faz esperar, faz veloz.
Amarrado, desatando os nós,
Preso sem conseguir soltar.
Desejo pregado nos dedos,
Vivo pelo teu encanto.
Misteriosa musa dos medos,
Vejo o som do teu canto.
Sinto o cheiro da voz dos segredos,
Te espero, te desejo tanto.
(João Diniz)
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Vontade Insana
Canto, sendo perder
O mar e as montanhas se encontram
No filamento do céu de seda
Esqueço, percebo tal perda
Dos pássaros que voam, que cantam.
Encanto do canto encantador
Canto encantador do encanto
Tristeza que canta o canto
Canto que encanta essa dor.
Dor que lateja, sem ser
Peito que sente, que senta
Peito que sente, que senta
Fere, machuca, aguenta
Sentimento perdoa, perder.
(João Diniz)
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A Cor do Vento
Viagei no seio das flores
Brinquei com colibris
Andei por esses brasis
Deixei pra trás muitos amores
Só de passagem, passei
Por onde o vento faz
A curva que não se desfaz
Eu que nunca imaginei
Descobri a cor do vento
Inexplicável esse momento
Era da cor do teu olhar
Só de ter no pensamento
Esse brilho é um alento
Brilha mais que o luar
(João Diniz)
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Soneto do Desejo
Tristeza tomou conta de mim
Ocupou cada espaço da minha alegria
Te procuro nesta cidade vazia
Procura que nunca chega ao fim.
Mesmo que chegasse tardia
Eu não viveria assim
A alegria que se foi de mim
Nesse mesmo instante iria.
Voltar ao meu peito risonho
Seria dia de felicidade
Apagaria desse rosto tristonho
Essa cuja infelicidade
Não, não é só mais um sonho
E sim, a mais pura verdade.
(João Diniz)
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Te esperando, descanso
Outono estação
Bem me quis sem querer
Guerra de sonhos
Tentações
Guerra entra sonhos
Na melodia das palavras
Azuis do céu cor de anil
Nostalgia acelera o compasso
Da melodia inquieta.
Primavera prima das flores
De solidão suposta
Quebrando regras de sentimentos
Movendo abgústias distantes.
Diálogo insano na mente amarga
De propósitos silênciosos
Invadem canções de setembro junto ao medo
Das flores que desabroxam sozinhas.
Perco o sono no meio da multidão
Que grita o nome do adeus.
(João Diniz)
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Somos um só
Melodias finais
Assim como na melodia das letras
Caindo em lágrimas no seio das folhas
São as costas nuas das negras
Vazios perfeitos decipam as bolhas
Bolhas nas folhas do verde primário
Decipam-se no seio de letras melódicas
Negras, das nuas costas andando no páreo
Melodia perfeita de lágrimas melancólicas
Melancolia dos sonhos distantes
Que a primavera irá chegar ao teu seio
Canto dos tristes amantes
Cantando no fim, no começo, no meio.
No fim da avenida sozinha
No começo sozinho da vida
No meio sozinho caminha
No meio começa o fim da saída.
(João Diniz)
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