Vontade Insana

Queria ser um palhaço
Um palhaço sem graça
Nesse mundo em desgraça
Ser apenas um palhaço
Ser um homem descalço
Andando sozinho na praça.
(João Diniz)
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Canto, sendo perder

O mar e as montanhas se encontram
No filamento do céu de seda
Esqueço, percebo tal perda
Dos pássaros que voam, que cantam.

Encanto do canto encantador
Canto encantador do encanto
Tristeza que canta o canto
Canto que encanta essa dor.

Dor que lateja, sem ser
Peito que sente, que senta

Fere, machuca, aguenta
Sentimento perdoa, perder.
(João Diniz)
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A Cor do Vento

Viagei no seio das flores
Brinquei com colibris
Andei por esses brasis
Deixei pra trás muitos amores

Só de passagem, passei
Por onde o vento faz
A curva que não se desfaz
Eu que nunca imaginei

Descobri a cor do vento
Inexplicável esse momento
Era da cor do teu olhar
Só de ter no pensamento
Esse brilho é um alento
Brilha mais que o luar
(João Diniz)
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Soneto do Desejo


Tristeza tomou conta de mim
Ocupou cada espaço da minha alegria
Te procuro nesta cidade vazia
Procura que nunca chega ao fim.
Mesmo que chegasse tardia
Eu não viveria assim
A alegria que se foi de mim
Nesse mesmo instante iria.

Voltar ao meu peito risonho
Seria dia de felicidade
Apagaria desse rosto tristonho

Essa cuja infelicidade
Não, não é só mais um sonho
E sim, a mais pura verdade.
(João Diniz)
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Te esperando, descanso




Descanso à sombra

De uma manguerira

De fruto maduro

AMARELO,

O mesmo AMARELO

Do meu amor maduro

Que apudrece na

Espera da tua voz.

(João Diniz)

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Outono estação


O buraco no outono
Onde as Folhas caem no chão
Secas, parecem estar com sono
Dormem nessa estação.
(João Diniz)
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Bem me quis sem querer


Deitado no lago de lágrimas
Escorridas junto ao sono do mar,
Loucas, feridas, sem lar
Rio passando sem dadivas.

Molha o meu rosto magoado
Lava essa face qualquer,
Fala a verdade a quem quiser
Confissão de um homem calado.
Sozinho no escuro assustado
Bem-me-quer, talvez mal-me-quer.
(João Diniz)
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Guerra de sonhos


Meus sonhos caídos
Procuram chão
De asas cortadas
Tentam voar
Pra se livrarem
Da chuva escaldante
Do medo
Cantam junto a
Melodia do silêncio
Que se esconde
Em meio as águas
(João Diniz)
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Tentações


Minhas lágrimas tocam o chão
Uma a uma, duas a duas.
Caídas tentam tocar as nuvens
Tocadas tentam gritar.
(João Diniz)
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Guerra entra sonhos


Na melodia das palavras
Azuis do céu cor de anil
Nostalgia acelera o compasso
Da melodia inquieta.
Primavera prima das flores
De solidão suposta
Quebrando regras de sentimentos
Movendo abgústias distantes.
Diálogo insano na mente amarga
De propósitos silênciosos
Invadem canções de setembro junto ao medo
Das flores que desabroxam sozinhas.
Perco o sono no meio da multidão
Que grita o nome do adeus.
(João Diniz)
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Somos um só


A noite iluminava nós dois
Apaixonados pelo mesmo desejo
Ser um do outro, sermos um só
Somos um só, não no corpo
Mas na melodia dos amantes perdidos.
(João Diniz)
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Melodias finais



Assim como na melodia das letras
Caindo em lágrimas no seio das folhas
São as costas nuas das negras
Vazios perfeitos decipam as bolhas

Bolhas nas folhas do verde primário
Decipam-se no seio de letras melódicas
Negras, das nuas costas andando no páreo
Melodia perfeita de lágrimas melancólicas

Melancolia dos sonhos distantes
Que a primavera irá chegar ao teu seio
Canto dos tristes amantes
Cantando no fim, no começo, no meio.

No fim da avenida sozinha
No começo sozinho da vida
No meio sozinho caminha
No meio começa o fim da saída.
(João Diniz)
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Lendo a vida


A voz que ecoa
No meu ouvido
Segue o passo
Da letra lida,
Não me lembro
Do que eu tenha lido
Nem me lembro
De ter lido a vida.
(João Diniz)
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Despedida


Pelos braços da saudade
Vejo o cheiro da Aurora
Triste linda a verdade
Vou te ver em meia hora
Beijos tontos, piedade!
Não me peça, Vou embora.
(João DIniz)
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Peleja



Procurando desenho


Em nuvem


Entre flores e


Espinhos encontrei


Um passarinho


Que avoa na ferrugem.


Dentre frutos,


Frutas, fritas


Minhas belas


Margaridas


Sem saber quem


As ajudem.


(João Diniz)


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O sol dos teus olhos


Onde está o Sol dos teus olhos?
Porque não vejo?
Não sinto?
Não tenho?
Não quero?

Mas sem perceber...
Vi
Senti
Tive
Quiz.
(João Diniz)
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Contrastes


A miragem
Que mira
Meu amor,
Vigia meu
Coração
Em Vigilia.
(João Diniz)
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Chuva inútil


Sombra da chuva dançamte
Molha meu rosto angustiado
Por não ter encontrado
As comédias escritas por Dante

Chuva inútil agonizante
Chega o fim dos teus dias
Tu que ecôo em cabeças vazias
Como uma lâmina de diamante

Faz frio lá fora
Pega teu casaco
E volta pra casa!
(João Diniz)
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Como pude te perder


No alto do meu desejo
Onde o vento sopra azul
Minhas asas param de bater
Caio no caminho sem volta
Sento na pedra do destino
E tento ver os sonhos da noite
Penso que não sou só
Estou com você em mim
Dentro do labirinto do meu peito
Perdida tentando se encontrar
Batendo forte, palpitando gotas
Sinto um desejo que todo desejo passe
E que assim, eu possa voltar
Pra minha velha casa vazia
No monte dos desejos perdidos
Pela lágrima da derrota.
(João Diniz)
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Caminhada só


Num
Caminho se vai,
N'outro caminho
Se vem.
Nas estradas
Caminhos de paz,
Nos caminhos
Não vejo ninguém.
(João Diniz)
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Ladeiras da vida


Quando subo naquela descida,
Desço naquela outra subida.
Sobe e desce, desce e sobe
E a vida é assim como uma ladeira.
(João Diniz)
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Sensações


Sentimos
Sentimentos
Sentindo
Sentidos.
(João Diniz)
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Grito em silêncio


Grito mudo
Grita no escuro
Grito sem grito
Grito sem força
Grito que mito
Grita a qual moça?
(João Diniz)
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Sem rumo


Pelo caminho ando,
Paro, sento, descanço,
Vejo, sinto, canto.
(João Diniz)
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Sozinho te amando


A loucura me invade a alma,
O medo me percorre as veias
Me encontro em desespero.
A escuridão me sufoca,
A angústia é cada vez mais plena.
Parece não ter saída, nem fim.
E eu aqui.
Gritando seu nome
No silêncio das palavras inexistentes.
(João Diniz)
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Bela ilusão triste


Ter certeza sem razão
Ter razão sem ter certeza
Toda essa incerteza
Escurece minha visão
Triste gosto da beleza
Bela triste ilusão.
(João Diniz)
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Sem desejos


O rio passando, passa
Algumas lembranças futuras
nada que as faça
Tristes essas amarguras
Palhaços sem nenhuma graça
Invisíveis criuaturas.
(João Diniz)
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Novidades Passadas


Nova vida,
Novos Amores.
Tudo novo
Novamente...
(João Diniz)
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Fui quase tudo


Fui poeta, fui divino
Fui criado no sertão
Fui brinquedo de menino
Fui do cego a visão
Fui da vida o destino
Fui do poeta inspiração.

Fui na feira um feirante
Fui no domingo procissão
Fui no castelo do gigante
Fui do Rei coroação
Fui da pedra diamante
Fui criador da criação.

Fui da fome a comida
Fui sozinho a solidão
Fui da cura a ferida
Fui da luz escuridão
Fui no engenho batida
Fui do erro a correção.

Fui da cobra o veneno
Fui no ecuro um clarão
Fui dois grande e um pequeno
Fui do corpo o coração
Fui da noite o sereno
Fui da calma agitação.

Fui da vida a triste morte
Fui do desejo a sensação
Fui do azar uma vez sorte
Fui do ano a estação
Fui do mar um grande forte
Só naum fui da ilusão.

(João Diniz)
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Flores, apenas flores


Flores dos campos, de Lótus
Flores de cantos, dos corpos
Flores dos amantes, dos Deuses
Flores de diamante, às vezes
Flores perfumadas, sem cheiro
Flores guardadas, no reino
Flores do céu, na terra
Flores de mel, da serra
Flores dos diabos, sem dores
Flores dos Sábios, são flores.
(João Diniz)
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O que te faz feliz ?


O que te faz feliz?
Um sorriso, um abraço
Um presente com um laço
Um beijinho no nariz?

Um bom dia, uma flor
Um eu te amo, um segredo
Uma surpresa ou um medo
Uma carta de amor?

Um filme ou uma novela
Um bom vinho ou companhia
Uma tristeza, uma alegria
Uma jantar a lu de vela?

Um fruto, uma raiz
Um desejo, uma saudade
Responda-me com verdade
O que é que te faz mais feliz?
(João Diniz)
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